da slot dos goonies: A secção competitiva nacional desta edição do IndieLisboa não chega ao recorde de nove títulos (aconteceu em 2022), mas quase. São oito as longas-metragens portuguesas a concurso no festival de cinema que decorre de 23 de maio a 2 de junho em vários espaços de Lisboa. Três destas são estreias mundiais, outras chegam a Portugal depois de um percurso internacional consolidado.

da 888 poker: É um mix de gerações, entre jovens realizadores e nomes consagrados, mas acima de tudo, descreve a organização, é “um conjunto de cineastas particularmente vibrante e um gesto de questionamento permanente da história — e do país — através de uma expressão artística explícita”. E mesmo assim, há tanto por dizer sobre as obras que compõem a competição nacional dos 21 anos do Festival Internacional de Cinema de Lisboa, que vai ocupar os cinemas Ideal e São Jorge, a Cinemateca Portuguesa, a Culturgest, o Cinema Fernando Lopes, e a Piscina da Penha de França.

À cabeça, destacam-se três estreias mundiais. É o caso de Banzo, de Margarida Cardoso, realizadora portuguesa que se move entre o documentário e a ficção e opera sobre assuntos que cruzam a sua história pessoal com questões da História recente de Portugal, como a guerra colonial e a revolução. Banzo acompanha um médico (Carlotto Cotta) que, nos anos 1970, vai para uma roça com pessoas escravizadas em São Tomé e Príncipe. Beatriz Batarda, Albano Jerónimo ou Gonçalo Waddington compõem o elenco. Também em estreia absoluta está O Ouro e o Mundo, de Ico Costa. Filmado em Moçambique e em coprodução com França, o filme foca-se num jovem casal de uma pequena cidade moçambicana. Para escapar à precariedade, um deles embarca numa viagem pelo país com destino às minas de ouro.

A terceira estreia mundial na competição nacional do Indie é o novo filme de Rita Nunes, que sucede a Linhas Tortas (2019). O Melhor dos Mundos “é um filme sobre cientistas, sobre uma possível catástrofe a acontecer em Lisboa, mas no futuro, em 2027”, contava ao Observador a atriz Madalena Almeida, no verão passado. Trata-se de um drama em torno de um casal de cientistas (os atores Miguel Nunes e Sara Barros Leitão) que se confronta com dados que apontam para uma probabilidade muito alta de um enorme sismo poder atingir Lisboa. Os cientistas ficam indecisos sobre alertar a população para a possível tragédia iminente.

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Do festival de Berlim chega Mãos no Fogo, título de Margarida Gil e o único filme português a marcar presença na edição deste ano da Berlinale, em fevereiro. Com produção da Ar de Filmes, a longa-metragem inspira-se livremente na obra A volta no parafuso, de Henry James, para contar a história de uma jovem realizadora que, ao finalizar um documentário sobre grandes solares do Douro, descobre uma casa centenária cheia de segredos. Carlo Chatrian, diretor artístico da Berlinale, apresentou o filme como “um tributo pessoal” ao cinema da realizadora portuguesa, de 73 anos, que se estreou na realização em 1987 com a longa-metragem Relação fiel e verdadeira. É a primeira oportunidade de o ver por cá.

Do Concurso Internacional do festival de Locarno chega Manga d’Terra, a terceira longa-metragem de Basil da Cunha, cinco anos depois de O Fim do Mundo (2019), e uma curta-metragem depois (2720, do ano passado). O realizador luso-suíço regressa à Reboleira, em Lisboa, para revelar Rosa, jovem cabo-verdiana que trabalha num bar para enviar dinheiro para os filhos. O assédio e a violência policial quotidiana são temas que surgem num filme que conta a história de Rosa, mas também da atriz que a interpreta, a cantora Eliana Rosa.

Finalmente, a competição nacional completa-se com o documentário Contos sobre o Esquecimento (Ukbar Filmes), projeto de Dulce Fernandes que resgata da memória o papel de Portugal no tráfico transatlântico de pessoas africanas escravizadas; o novo filme de Diogo Costa Amarante, cineasta do Porto que recebeu em 2017 o Urso de Ouro das Curtas em Berlim com Cidade Pequena e que se estreia, finalmente, na longa-metragem com Estamos no Ar, mostrada numa secção paralela do festival de Roterdão; e ainda a ficção Greice (Glaz Entretenimento/Ukbar Filmes) do realizador brasileiro Leonardo Mouramateus. Sobre este último, que conta a história de Greice, uma jovem brasileira de 22 anos que estuda Belas-Artes em Lisboa, importa dizer que também compete na jovem secção Smart 7, que alia festivais de 7 países diferentes (e conta com uma seleção de 7 filmes escolhidos que representam todos os países membros), na intenção de fomentar a circulação de títulos europeus.

Nas curtas, estarão a concurso 19 filmes, dos quais se destacam Schrooms, nova curta de Jorge Jácome, que parte de um estudo científico sobre o uso terapêutico de cogumelos mágicos para criar uma narrativa em torno de um “Robin Hood New Age”, ou Nocturno para uma floresta, curta-metragem de 16 minutos que Catarina Vasconcelos estreou mundialmente em Locarno no ano passado. A autora de Metamorfose dos Pássaros (2020), filmou a metamorfose das almas femininas que os carmelitas do Buçaco proibiram no seu convento.

Outros títulos que o festival permitirá descobrir nesta mesma categoria são: Histórias de Contrabandistas, de Agnes Meng, Slimane, de Carlos Pereira, Uma Mãe Vai à Praia, de Pedro Hasrouny, Quando a Terrra Foge, de Frederico Lobo, Ensaio & Repetição, de Igor Dimitri, Romagem, de Jorge Cramez, OnPlainsofLargerRiver & Woodlands, de Miguel de Jesus, The Illusion of an Everlasting Kiss, de Marta Sousa Ribeiro, Felicidade numa Panela, de Clara Jost, Nunca estive tão Perto, de Francisca Dores, À Tona da Água, de Alexander David, Nunca Mais É Demasiado Tempo, de Bruno Ferreira, Man of Aral, de Helena Gouveia Monteiro, Tão pequeninas, tinham o ar de serem já crescidas, de Tânia Dinis, Kudibanguela, de Bernardo Magalhães e Tudo Menos Filmes, de Lourenço Crespo e Afonso Mota.

Novidade nesta edição é a secção Rizoma, que apresenta um conjunto de filmes que “pretende trabalhar questões relevantes da atualidade, cineastas de renome, e ante-estreias”, assim se descreve no comunicado enviado à imprensa o programa que pretende dar “uma perspetiva crítica sobre o presente em torno do cinema como reflexão e debate”. Rizoma é o lugar do encontro, ou assim parece pela escolha de filmes que piscam o olho ao grande público do festival. É neste contexto que surge, por exemplo, uma exibição única de All of us Strangers, filme de Andrew Haigh, protagonizado por Andrew Scott e Paul Mescal, que apesar de ter sido nomeado para vários prémios, como os BAFTA, em Portugal foi diretamente para o streaming sem nunca chegar ao grande ecrã — até agora.

O programa completo do IndieLisboa foi divulgado esta terça-feira. A abertura do festival, a 23 de maio, far-se-á com I’m not everything I want to be, filme sobre Libuše Jarcovjáková, fotógrafa que o jornal The New York Times apelidou de “Nan Goldin da República Checa”. O filme da Klára Tasovská, que passou em fevereiro pela Berlinale, retrata o ambiente sufocante vivido depois da Primavera de Praga de 1968, com recurso a fotografias e excertos dos diários da fotógrafa. Já o encerramento do Indie dá-se com a comédia negra Dream Scenario, de Kristoffer Borgli, desta feita fazendo–se acompanhar do ator Nicholas Cage, um professor de biologia banal que surge nos sonhos de muitas pessoas. A produtora é a americana A24.

Os bilhetes para o 21.º IndieLisboa são postos à venda esta quinta-feira, 9 de maio. O festival terá lugar nos cinemas Ideal e São Jorge, na Cinemateca Portuguesa, na Culturgest, no Cinema Fernando Lopes, e na Piscina da Penha de França.